Lembro-me de quando comecei a escrever definitivamente meus primeiros contos em 2004. Tudo bem!, sei bem que ainda não publiquei qualquer um deles, mas confesso que os mesmos são como uma espécie de injeção de coragem para novos projetos particulares. São como que apenas meus por enquanto! Então não espere lê-los em breve... mas isso pode acontecer. Mas quando comecei, lembro-me, era um novo momento, um novo mundo, o meu universo em criação no rebento de uma nova galáxia finda a brilhante morte de alguma estrela anã qualquer.
Entretanto, foco!, o que gostaria mesmo de dizer aqui é sobre meu ano novo. Não sei bem quantas vezes eu publiquei um texto marcando esta data. Muitos deles eu excluí, outros foram publicados em pequenos jornais e outros eu apenas engavetei. Mas, de fato, se tornou um hábito, um compromisso e neste ano novo, o meu ano novo, eu parei para refletir novos planos e projetos lembrando-me de algumas coisas pelas quais passei; uma delas é a respeito da minha iniciação na prosa curta, a qual já mencionei.
Lembro-me que naquela época a cobrança era grande para moldar o texto às publicações coetâneas. Sei bem que hoje algumas coisas continuam assim, porém com o passar do tempo fui me desapegando destas cobranças que já nem sei por onde elas andam, e passei a agir com bastante desdém para com elas. Não sou inovador, mas sei que sou eu por mim mesmo e a isso não se põe mais moldes do que o contexto natural já nos entrega. Então criei meu mundo e ninguém tem poder sobre ele a não ser eu mesmo! Isso tudo é ficção, é outro universo, mas também é bastante real e precioso.
Outrossim, já que não publiquei qualquer dos contos que mencionei anteriormente, lembro-me — compulsado —, de uma vez ouvir: “você diz estar sempre ocupado em vários projetos, mas nunca vejo uma produção sua ou o que você está fazendo”. Ora, meu caro, nunca imaginei que as cobranças da minha iniciação à prosa fossem tomar conta inclusive do que há de mais íntimo e particular: os meus próprios projetos. Descansei e nem respondi!
De fato, há algo de muito importante em se criar um mundo somente seu. Não me refiro a uma vida eremita, mas um espaço mental entre você e o que o rodeia, espaço este o suficiente para a preservação da sua integridade intelectual. Bom, que seja bobagem, mas para mim deu muito certo! A prosa que você cria passa a ser sua casa onde você é o protagonista ou se passa por um qualquer por opção. É um espaço onde o herói é você, o que passa a lutar com o inimigo que também o é, e assim passa a notar que tudo não passa de observação, análise e logo supõe que nada mais é absoluto, apenas se você o quiser assim.
E ser você quem te inspira coragem é um presente em dias cruéis onde é cada um por si e onde também todos estão perdidos. Mas espere! Há muita beleza em tudo isso! Até mesmo estar perdido! Basta que você seja o melhor de todos ao se redor, mas para si mesmo e apenas — aliás um pouco de egoísmo não mata —, sem fazer de ninguém o pior para si também, mas como adendo um só alerta: mantenha distância do perigo! Tudo bobagem — pensei agora —, mas talvez de alguma importância nesta louca ficção na qual nos encontramos agora.
Sem mais, um ano melhor que o anterior, talvez, mas desejo mesmo é que os desafios continuem a instigar o nosso nobre e particular herói neste grande romance distópico. Não há muito a reparar, se não observamos atentos os anos que se esvaem.